domingo, 18 de novembro de 2012

- Despertar, alimentar, formar, purificar e fortificar a fé - [Semana dos Seminários 2012]

SACERDOTE, IRMÃO NA FÉ E SERVIDOR DA FÉ DOS IRMÃOS

- Despertar, alimentar, formar, purificar e fortificar a fé -


O Sacerdote como irmão na fé e servidor da fé dos irmãos é o tema de fundo da Semana dos Seminários que decorre entre os próximos dias 11 e 18 de Novembro e na qual a Igreja se congrega, de forma especial, na oração pelas vocações ao Ministério ordenado (ser Padre).

Este ano a Semana dos Seminários olha para o Padre e para o Sacerdócio a partir da perspectiva da vivência da fé que origina a sua caminhada vocacional e que, depois, define a sua ordenação e a vivência quotidiana do Sacerdócio ministerial. O mistério da fé está na origem do Sacerdócio enquanto vocação e é, de igual forma, o alicerce permanente do ministério.

O Padre, como todo o cristão, é e será sempre um peregrino da fé. Chamado um dia a configurar-se com Cristo, Cabeça e Pastor da sua Igreja, o Padre inicia a sua caminhada de fé, como todos os outros cristãos, no Baptismo que é dom e promessa, acolhimento e desafio. É o mesmo Baptismo que, enquanto semente e fermento, inicia uma íntima, profunda e filial relação com Deus e dá, depois, origem a diferentes configurações de vida pelas opções que fazem unidade pessoal e se harmonizam com o projecto de Deus revelado em Jesus Cristo. Alguns, neste caminho, “são tão baptizados” (tão crentes, tão filhos), poder-se-ia assim dizer, que Jesus os chama a identificarem-se totalmente com Ele e os envia a servir como Ele próprio fez com a sua vida. Mas, antes da relação de trabalho (o ministério), o processo inicia-se e define-se com a relação de amizade com Cristo (o mistério da fé e de acreditar).

Todos os cristãos são “Amigos” de Cristo. Mas os Padres, por ministério e por missão, são chamados a fazer da sua amizade uma ponte para muitos outros serem também amigos de Cristo. É por isso que são irmãos na fé e, ao mesmo tempo, servidores da fé dos irmãos. O seu ministério na Igreja existe por causa dos irmãos. Mas, se ele próprio não crescer na fé, nunca será testemunho e elo de ligação para ninguém.

A Igreja nunca subordinou a essência e a emergência da sua missão ao número de sacerdotes. A evangelização não é uma questão de quotas. Mas a Igreja, evidentemente, tem necessidade de Homens baptizados que sejam tão “Amigos” de Cristo que se se deixem por Ele chamar e enviar para alimentar a fé de tantos e tantos homens e mulheres que O querem conhecer e viver o seu projecto.

Nos últimos anos, e diante da falta crescente de Sacerdotes na nossa Diocese, tem-se sublinhado a necessidade de promover um cultura vocacional que envolva a vida das comunidades cristãs para criar um ambiente em que as diversas vocações possam germinar e crescer. A cultura vocacional, no entanto, sublinha-se sempre também, há-de ser diferente de uma qualquer estratégia de recrutamento de pessoas para determinados lugares.

O Ano da Fé que, por feliz iniciativa do Santo Padre, já estamos a viver, pode ajudar-nos a compreender o que está na base do mistério da vocação sacerdotal e de todas as vocações. Tudo o que alimentar e ajudar a formar a fé cristã, ajudará a que alguém se deixe chamar por Deus e ajudará, igualmente, a que alguém se entregue para o seu serviço e para o serviço da Igreja. Acreditar, “ter fé” como costumamos dizer, não é uma atitude que se possa dizer adquirida de uma vez por todas e para sempre. A fé é uma relação e, por isso, necessita de ser alimentada, formada, purificada, fortificada. Permanentemente. Continuamente.

Na vida da Igreja e das nossas Comunidades existem muitos dinamismos que ajudam a despertar, a alimentar, a formar, a purificar e a fortificar a fé. E é de todos esses dinamismos conjugados que pode resultar uma cultura vocacional, contexto e desafio para o surgimento de vocações sacerdotais. Acolhimento, ambientes sadios, horizontes de realização humana e cristã feliz e fiel, momentos de oração, ocasiões ou momentos/itinerários de formação da fé, experiências de voluntariado, Eucaristia, projectos de acção social ou outra, valorização da família, participação comunitária, integração nos grupos e movimentos paroquiais, nos grupos de acólitos, ... são alguns dos dinamismos que constroem uma cultura vocacional. Não por obrigação mas porque despertam e educam a capacidade do dom.

A fé vem pelo ouvido. Podemos traduzir assim S. Paulo (Rom 10, 14 ss). Então tudo o que valorize o encontro com a Palavra de Deus valorizará também a relação de fé já que a melhor maneira de reconhecer o amor é empreender um caminho para amar também. No dia a dia, a Palavra de Deus sai-nos ao encontro em muitas e variadas ocasiões. Uma cultura vocacional é um ambiente em que a Palavra é valorizada, um ambiente em que se proporcionam pontes entre o que a Palavra preconiza e a busca de sentido de vida que as pessoas empreendem. Catequeses, encontros, oração pessoal e comunitária, Eucaristia, Exéquias ... são ocasiões em que a Palavra nos sai ao caminho. Vale a pena parar e tratar a Palavra como relação de comunicação.

Contexto privilegiado para uma cultura vocacional é, por isso mesmo, a Eucaristia e toda a oração que a pode prolongar. Conduz ao encontro personalizado com Jesus, faz memória sacramental do seu amor e da sua entrega, sublinha a gratuidade e a liberdade do amor que salva, alimenta a oração. E a experiência da proximidade com Jesus Eucaristia, Sacramento de Amor, é o melhor contexto para Deus Se poder dizer e para alguém O poder ouvir.

A liturgia bem celebrada, com espaço para a Palavra, para o Memorial e para a adoração, com serenidade para o encontro, é fonte de chamamento e de vocação. É o cuidado do mistério da fé que proporciona o cuidado do mistério da vocação.

Na nossa Diocese existem, neste momento, três Seminaristas (o Miguel Coelho, o Miguel Serra e o André Beato) que fazem caminhada nos Seminários da Diocese de Lisboa e na Universidade Católica. E existe um grupo de jovens em Pré-Seminário. A Semana dos Seminários é o contexto para uma oração mais intensa por cada um dos nossos Seminaristas. Rezamos pela sua caminhada, pela sua fé, pela sua fidelidade, pela sua alegria em servirem Jesus e a Igreja. Rezamos invocando de Deus que conceda à nossa Diocese jovens que se deixem chamar e enviar. Na promoção de uma cultura vocacional, os dinamismos que ajudam a despertar, a alimentar, a formar, a purificar e a fortificar a fé, fazem do Padre um irmão na fé e um servidor da fé dos irmãos.

                                                                                                 p. Emanuel Matos Silva
                                                Reitor do Seminário Diocesano de Portalegre - Castelo Branco

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

"ANUNCIAR COM ESPERANÇA”


MENSAGEM DO BISPO DE PORTALEGRE-CASTELO BRANCO
SEMANA DOS SEMINÁRIOS 2012

O Concílio Vaticano II teve como um dos principais objectivos a renovação de toda a Igreja. Num dos seus documentos, declarou que este desejo de renovação “depende, em grande parte, do ministério sacerdotal, animado do Espírito de Cristo” e proclamou “a grande importância da formação sacerdotal” (OT1). Durante esta Semana dos Seminários que decorre de 11 a 18 de Novembro, somos convidados a ter presente, de forma especial, o Seminário, os nossos seminaristas e quem os acompanha.

O Seminário continua a ser o “coração da Diocese” pois esta não pode viver sem o ministério ordenado. Jesus Cristo quis que os seus discípulos “formassem um só corpo” e, para isso, “constituiu, de entre os fiéis, alguns como ministros, os quais, na sociedade dos crentes, possuíssem o sagrado poder da Ordem para oferecer o sacrifício, perdoar os pecados e exercer oficialmente o múnus sacerdotal em nome de Cristo a favor dos homens” (PO 2).

Este serviço à comunidade cristã, porém, exige formação adequada e atenta que encontra no Seminário o espaço normal e privilegiado, apesar de toda a complexidade que a arte de educar envolve e os tempos reclamam. Os alunos da nossa Diocese de Portalegre-Castelo Branco, porque são poucos, estão integrados no Seminário do Patriarcado de Lisboa e, a partir de lá, frequentam também a Universidade Católica. A escassez não nos deve levar ao desânimo, deve levar, isso sim, a entender cada vez mais a responsabilidade que nos cabe em pedir operários ao Senhor da messe, em promover uma pastoral paroquial e diocesana toda ela imbuída do espírito vocacional, e a respeitar o processo e dinamismos vocacionais sem ignorar que a crise de vocações é também uma crise de fé. Como vos dizia na Carta Pastoral, “não podemos pensar a pastoral vocacional como uma espécie de exercício de retórica em que se convence alguém de alguma coisa.

A pastoral vocacional deve ser, antes de mais, um processo que favoreça o encontro de cada um com Deus, na vida íntima de oração, e, numa segunda fase, àqueles que já conhecem Jesus Cristo e por isso se questionam sobre o plano de Deus a seu respeito, ajudá-los a conhecer e descobrir a multiplicidade de possibilidades, desde a vida matrimonial à vida consagrada, desde o ministério ordenado ao laicado comprometido”. 

Nesta Semana dos Seminários, pensando mais na vocação ao ministério ordenado, apelamos a todas as comunidades paroquiais, movimentos e obras de apostolado que não se dispensem de reflectir e falar destes caminhos tão necessários e de promover uma oração vocacional concreta, não esquecendo de pedir e valorizar também a oração dos doentes e idosos. Sem esquecer que o primeiro seminário é a família, o dever de fomentar as vocações é de toda a comunidade cristã.


D. Antonino Eugénio Fernandes Dias
Bispo de Portalegre - Castelo Branco

Seminaristas de Portalegre - Castelo Branco


Sacerdote | Irmão na fé e servidor da fé dos irmãos | Semana dos Seminários 2012


MENSAGEM DA COMISSÃO EPISCOPAL DAS VOCAÇÕES E MINISTÉRIOS
SEMANA DOS SEMINÁRIOS 2012
SACERDOTE, IRMÃO NA FÉ E SERVIDOR DA FÉ DOS IRMÃOS

1. A Semana dos Seminários, de 11 a 18 de Novembro de 2012, oferece aos fiéis uma oportunidade de aprofundamento sobre o mistério do padre e sobre o ministério que ele realiza na Igreja.
No contexto do Ano da Fé, somos convidados a avivar a nossa consciência acerca da condição sacerdotal de todo o Povo de Deus, radicada no mistério pascal de Jesus Cristo, que assumimos pelo Baptismo  ao mesmo tempo, afirmamos a teologia da Igreja acerca do sacerdócio ministerial, pelo qual alguns homens são associados à pessoa e missão de Cristo, Cabeça da Igreja.
O Concílio Vaticano II, de cujo início estamos a celebrar os cinquenta anos, trouxe alguns elementos importantes para a nossa compreensão do sacerdócio na Igreja e, sobretudo, para uma renovada visão da relação existente entre todos os fiéis em Cristo. Entre eles destacam-se os seguintes: a igual dignidade de todos os membros do Povo de Deus (LG 32); o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial “embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao outro” (LG 10) e ambos “participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo” (LG 10); “a distinção que o Senhor estabeleceu entre os ministros sagrados e o restante Povo de Deus, contribui para a união, já que, os pastores e os demais fiéis estão ligados uns aos outros por uma vinculação comum” (LG 32).

2. Membro do Povo de Deus, tão intimamente unido a Cristo pelos laços da comunhão no Baptismo e na Ordem, tendo recebido o dom de agir na Pessoa de Cristo, o padre é um irmão na fé.
As comunidades cristãs têm cada vez mais apreço pelo sacerdote, sobretudo quando há uma relação de amizade, proximidade e disponibilidade. Mas, acima de tudo, marca-as a profundidade da sua fé, tanto expressa nas suas palavras como na sua vida.
O padre é, de facto, e é chamado homem de fé. No meio de todas as suas actividades  a fé, assumida e testemunhada, há de sobressair como o fogo que alimenta toda a sua vida.
As vocações sacerdotais dependem de muitos factores  mas o testemunho de fé dos sacerdotes é, sem dúvida, um dos mais relevantes.
Temos grande esperança de que este Ano da Fé venha trazer um forte impulso de renovação à vida de toda a Igreja e, também, à vida sacerdotal. Os jovens deixar-se-ão tocar, como sempre aconteceu, pelo testemunho da fé de toda a Igreja, espelhada de um modo muito visível no testemunho de fé dos sacerdotes.

3. Irmão na fé, o padre é também pai na fé. Foi chamado pelo Senhor, recebeu uma vocação que implica sempre uma missão, que podemos definir como um serviço à fé dos seus irmãos.
Como ensina o Concílio Vaticano II, “por virtude do sacramento da Ordem, (os presbíteros) são consagrados, à imagem de Cristo, sumo e eterno sacerdote, para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, como verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento” (LG 28).
Quando são tantas as solicitações que chegam aos sacerdotes e quando as comunidades cristãs são tão exigentes, é preciso que eles cultivem uma grande capacidade de discernimento para se não deixarem arrastar pelas realidades importantes, mas não decisivas. O serviço à  fé do Povo de Deus constitui o específico e essencial da acção sacerdotal, por meio do anúncio do Evangelho e da celebração da Sagrada Liturgia.
Sem uma inserção entusiasta na vida da comunidade cristã e sem uma relação verdadeiramente fraterna com os seus membros, fica comprometido tanto o anúncio da Boa Nova, como a celebração de um culto que seja expressão da vida toda.
Neste Ano da Fé, desejamos que os jovens possam ter um contacto mais próximo com o testemunho de fé dos sacerdotes, que servem, com entusiasmo, os seus irmãos e as comunidades. Que o Espírito Santo os ensine a percorrer o caminho da alegria de servir a Igreja e lhes dê o desejo do sacerdócio a que o Senhor pode chamá-los.

4. A crise das vocações sacerdotais a que se assiste na Igreja é, sem dúvida, uma das consequências da erosão da fé cristã que, de forma errada, tem sido considerada “um pressuposto óbvio da vida diária” (PF 2).
Com razão nos incentiva o Papa Bento XVI “a redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (PF 2).
Toda a pastoral das vocações sacerdotais estará ao serviço da redescoberta do caminho da fé, em ordem ao encontro com Cristo. Quando este encontro se dá na alegria e no entusiasmo, surge a disponibilidade vocacional, pois, o que importa, nessa altura é a vivência fiel da fé e o serviço à comunidade cristã.
Convidamos as comunidades cristãs a intensificar a oração pelas vocações sacerdotais, não somente na Semana dos Seminários, mas regular e longamente, numa corrente contínua que envolva todas as faixas etárias e todos os membros activos da Igreja. É pela oração que manifestamos a fé e a disponibilidade para aceitar a vocação e a vontade de Deus, especialmente na liturgia da Missa, participação sacramental no mistério de Cristo e na adoração eucarística, que lhe dá continuidade.
Aos seminaristas deixamos uma palavra de ânimo, para que ponham a vida nas mãos do Senhor, que olhou para eles com bondade e misericórdia.
Aos jovens que sentem o apelo no sentido do sacerdócio, encorajamos a avançar sem medo, confiados no amor que o Senhor lhes tem e abertos à urgência de pastores, que sejam irmãos na fé e servidores da fé dos irmãos.

À solicitude materna de Nossa Senhora confiamos a pastoral das vocações sacerdotais e todas as iniciativas da semana dos seminários.

Ó Maria,
vós sois feliz porque acreditastes,
primeira na fé em Cristo,
a imagem e a figura da Igreja crente.
Rogai a Deus por nós,
para que sejamos firmes na fé,
na alegria do encontro com Cristo.

Ó Maria,
vós sois a Mãe de Cristo Sacerdote,
a humilde Serva do Senhor,
a Mãe da Igreja crente.
Rogai a Deus pelos sacerdotes,
para que sejam servos da fé dos irmãos,
na alegria de crer e no entusiasmo de comunicar a fé.

Ó Maria,
vós sois a mulher do “Sim” total a Deus,
sempre disponível à vontade do Pai,
a Rainha de todas as Vocações.
Rogai a Deus pelos seminaristas,
para que reconheçam o amor de Deus,
na resposta decidida à sua vocação.
Ámen


Coimbra, 20 de Outubro de 2012
Virgílio do Nascimento Antunes
Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

E foi mesmo um filme! =)


O Pré-Seminário Diocesano da Diocese de Portalegre - Castelo Branco realizou nos dias 27 e 28 de Outubro o primeiro encontro do Ano Pastoral 2012 - 2013.

O encontro teve como tema "Esta aventura com Jesus vai ser... um Filme"! E foi mesmo!!
Confirmou-se as perspectivas de um encontro muito divertido, onde o desafio principal passava pela realização de um pequeno filme em que os pré-seminaristas, entre outros motivos, faziam um convite aos jovens da nossa diocese à participação dos encontros do Pré-Seminário.

Apesar de pela mudança da hora o dia "ter" tido mais uma hora, o tempo passou depressa e revelou-se curto para tudo o que desejávamos fazer. Entre os momentos de oração e de partilha de interrogações interiores, houve ainda tempo para o jogo, a musica e a visualização de pequenos filmes vocacionais seguido de um tempo de reflexão.

Concretamente no que tocou à realização do filme, que esperamos disponibilizar em breve, cada um dos rapazes idealizou um filme vocacional. Cada um colocou-se na pele de realizador por uns momentos. Seguiu-se a partilha das ideias, as frases, os tempos, o cenário .. logo depois iniciamos a gravação. Entre gravações e regravações, riso e desespero, no final do dia lá conseguimos as gravações que tínhamos pensado. Depois seguiu-se mais um momento de boa disposição, ver o fruto dos trabalhos. As chamadas "gaffes cinematográficas" com as quais nos divertimos imenso.

À noite, porque mês do Rosário, fomos rezar o terço com os jovens da Paróquia de Alcaíns onde fomos muito bem acolhidos e acarinhados pela comunidade presente. Antes de terminar o dia, ainda tempo para a Noite Cinema. 

No dia seguinte, o Domingo, levamos o Pré - Seminário Diocesano "mais além". 
Fomos ao encontro da Comunidade da Mata (comunidade paroquial "conduzida" pelo P. Libânio) com quem celebramos a Eucaristia e onde afirmamos a nossa preferência por Jesus. Por motivos de saúde, o padre Libânio não pode estar presente, mas deixamos à comunidade a certeza da nossa amizade e oração por todos, de modo especial pelo padre Libânio, pedindo que continuassem a rezar por cada um dos pré-seminaristas e pelos jovens da nossa diocese, para que ao ouvirem o chamamento de Deus ao Sacerdócio, não o negassem mas aceitassem esse belo desafio.

Depois do regresso a Alcaíns, arrumamos as nossas coisas para o ultimo momento de oração do encontro.
No fim do almoço, cada um seguiu para as suas paróquias. Com muita pena dos rapazes, neste primeiro encontro do ano não criaram novas amizades. Os "descobridores" que procuram compreender a vontade de Deus para as suas vidas, eram todos "velhos conhecidos". Estiveram presentes cinco rapazes que já pertencem ao ao Pré-Seminário à algum tempo: o Gonçalo e o Pedro de Castelo Branco e o Rúben de Alcaíns com quatro anos de Pré-Seminário; o Simão de Portalegre com dois anos e o Pedro Castro com um ano de pré-seminário. Esteve ainda presente o Miguel de Alcaíns que apenas pôde estar connosco durante o almoço de Domingo, também ele a fazer um ano de discernimento e participação nos nossos encontros. 

Pedimos a oração e a atenção de todos para que este grupo possa continuar crescer e tornar-se naquilo que Deus deseja para ele(s). Rosto de esperança para uma diocese que cada vez mais clama por Homens que possam tornar presente, entre as comunidades da nossa Diocese, a Pessoa de Jesus. Que Jesus é o Caminho a Verdade a Vida, é uma certeza que vive em nossos corações. Mas será que essa certeza permanecerá nos corações dos futuros homens e mulheres da nossa diocese? Sem a generosidade das comunidades na oração e no ajudar a despertar nos jovens o desejo de ser Padre Diocesano, este rosto de Jesus poderá dentro de alguns anos, não ser mais uma certeza. Continuemos a rezar pelas vocações! 

Que o "filme" que vamos realizando com a alegria da nossa vida, seja fruto abundante e partilha para a vida da nossa Igreja Diocesana e que ajude os nossos jovens a ganhar coragem e a assumir a vocação ao sacerdócio que Deus coloca nos seus corações.

Em Novembro estaremos de regresso para contar como foi.
Um bem haja

Pré - Seminário Diocesano Portalegre - Castelo Branco

domingo, 2 de setembro de 2012

O que é ser Padre! (Nuno Branco s.j na 1º pessoa!)



A semanas do recomeço dos encontros do Pré-Seminário Diocesano de Portalegre - Castelo Branco, um pequeno testemunho acerca do Ser Padre! (In-perdível!)

Imagem "prostrados" da autoria do Padre Nuno Branco s.j

“Ainda me lembro. Há uns anos atrás na estrada a caminho de Aveiro, a ouvir a Rádio Comercial. Ouvia-se dentro do carro, mas eu não ouvia. Estava ausente. Andava a perguntar a Deus que fazer da minha vida. Afinal, já tinha chegado à meta. Arquiteto formado, emprego assegurado, uma vida grande pela frente. Tão grande e insuficiente. Não chega. Há aqui qualquer coisa que não está a bater certo. Não consigo perceber o que falta.

Uns dias mais tarde, perguntei-me de forma envergonhada, sozinho e em silêncio para que nem eu próprio me visse. Porque não ser padre? Não me lixes a minha vida, se faz favor. Fui sincero com Deus. Abri-lhe o jogo. Não acredito na reincarnação, portanto a única vida que me resta não vou desperdiça-la e esbanjá-la dessa maneira. Deixa-te lá de histórias. Ainda me lembro que negociei com Ele. Deixa-me casar, disse-lhe. Eu caso-me e depois tu levas os meus filhos todos p’ra padre e não se fala mais nisso. Ficas a ganhar. Tu e eu. Parece-te bem?

Mostrou-se convencido. No entanto, a palavra “padre” continuava a aparecer pior que uma noite mal dormida. A palavra “padre” parecia-me um insecto de sete vidas. Esmagado contra parede, espezinhado. E sobrevive. E lá se levantava devagarinho, ressuscitava. Senhor! Por favor, não me-lixes-a-minha-vida! É simples. Continuamos assim. Tu aí.  Eu, aqui. Ninguém te chateia, eu acredito em ti na mesma. E tu não me chateias.

E agora Senhor cá estou de novo. A poucos dias de ser padre. E, desculpa a franqueza, mas continuas na mesma. Já te dei provas de que não sou propriamente a melhor pessoa deste mundo e que ao meu lado, haveria quem bem melhor poderia servir-te nesta missão. Não sei o que é ser padre. Não sei como se é padre. Mas, sei que quero ser Teu. Assim. Atabalhoadamente teu. É um grande risco, tu sabes. Mas, se isto correr mal a culpa – desculpa dizer-te – será tua. Eu avisei-te. Nunca te escondi o que sou e o que não sou. Só posso agradecer a tua bondade e a tua generosidade. Sou Teu e serei Teu.

E já agora que ninguém nos ouve, só mais uma coisa. É simples. Dá-me a graça e a alegria de ser padre até ao fim da minha vida. É isto que eu peço com sincera verdade.
“Que eu habite na tua casa para o resto da minha vida”. “

sábado, 28 de julho de 2012

Só por Ti Jesus…

Este foi o tema escolhido para o acampamento de verão do Pré-Seminário, deste ano… foram 8 jovens que aceitaram o desafio de passar uns dias mais intimamente com Deus, de O descobrir, deixar-se encantar e acima de tudo abrir o seu coração.


O acampamento este ano teve lugar nos dias 9 a 12 de Julho, na Sertã, onde fomos extremamente bem acolhidos pelo Pe. Daniel e Pe. Lúcio, bem como por toda a paróquia, que ao longo dos vários dias nos foram mimando.

Durante estes dias visitámos os diversos pontos de interesse turístico da Sertã, realizámos um passeio pedestre em Pedrogão Pequeno, tivemos oportunidade de realizar diversas atividades aquáticas, onde podemos destacar a tarde dedicada à prática de canoagem.


Foram dias de maior descontração, o que não quer dizer que não houve tempo para a formação e fazer caminho, nesta busca da vontade de Deus para cada um destes jovens, tivemos oportunidade de falar e discutir vários temas. Agradecemos especialmente ao Pe. Daniel que nos contou a história da sua vocação, que se baseou no tema: “Sim… uma vida de entrega!”; à Dulce Catarino e ao Rui Correia que nos vieram falar: “Felicidade… Vontade de Deus!”, com este tema pudemos perceber que há vários caminhos que nos levam a Deus, que a felicidade não passa por Ter, mas acima de tudo pelo Ser e devemos sempre «impelir a nossa canoa».


 A componente formativa não ficou por estes dois temas, tivemos ainda o privilégio de falar e discutir sobre: “Viver a fé… um caminho de escolhos!” e “Discernir/Fazer escolhas… Sozinho? Ou com Deus?” saímos destes dia, com a certeza de que no nosso caminho nunca estaremos sós e que apesar de todas as dificuldades, Ele nunca nos abandona.

Não podemos deixar de referir os pontos altos deste acampamento, que foram as orações e, por um lado a participação na Eucaristia da paróquia e a Eucaristia final, celebrada pelo Pe. Nuno Silva, coordenador do Pré-Seminário, que nos surpreendeu com a sua presença, no último dia.


Agradecemos essencialmente a Deus, por tudo aquilo que vivemos, não só neste acampamento, mas também ao longo deste ano… as pessoas que nos acolheram e colaboraram connosco, as experiências que nos proporcionaram, aquilo que sentimos, rezámos e todas as brincadeiras e laços que criámos… sem dúvida foi um ano muito rico e cheio da presença de Deus!


Vamos para as férias de verão com a certeza de que iremos chegar onde Deus nos levar!


 Manuel António (colaborador do Pré-Seminário Diocesano)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pré Seminário Diocesano no Arciprestado de Abrantes


No fim-de-semana 28 – 29 de Abril, final da Semana de Oração pelas Vocações que este ano teve como tema "As vocações Dom do Amor de Deus", reuniram-se os rapazes do Pré-Seminário Diocesano para mais um desafio! Foi um desafio que teve início em Alcains, mas que depois continuou no Arciprestado de Abrantes, em Rossio ao Sul do Tejo e no Domingo na Chainça onde celebramos a Eucaristia Dominical com o Padre José da Graça e com a comunidade que tão carinhosamente nos acolheu. Seguindo-se depois o regresso a Alcains onde terminamos o nosso encontro.

Os rapazes partiram do tema da semana das Vocação e procuraram responder à questão “ Já pensaste na tua vocação” partindo da visualização de vários vídeos vocacionais, onde tinham que responder a algumas perguntas partindo do filme que tinham visualizado. Cada visualização trazia questões para responder e para os ajudar a reflectir acerca do “ser padre”. Depois de uma breve pausa, fomos ao encontro de alguns jovens do Arciprestado que estavam reunidos para um encontro dinamizado pela equipa da Pastoral Juvenil Arciprestal de Abrantes ao qual deram o nome de “Tarde das Vocações”.

   (Nove pré.seminaristas: Vitor; Afonso; Fábio; Pedro Valente; Gonçalo; Paulo; Pedro; Simão e Rúben)


Esta iniciativa realizou-se na Paróquia do Rossio ao Sul do Tejo e foi ao encontro do desejo da Igreja para essa semana; reflectir sobre as vocações Sacerdotais, Religiosas, Missionárias e também a vocação à família. O desejo de levar os jovens a rezar, sensibilizar e despertar os dons de Deus, entregando-os ao serviço da Igreja e da Sociedade na missão de cada um.

Os “pré seminaristas” participaram na actividade "Tarde das Vocações" testemunhando os seus pontos de vista vocacionais, a sua experiência e vivência fruto dos encontros do pré-seminário e a importância de responder Sim a Deus nos desafios que Ele vai colocando na vida de cada um!

                                
A "Tarde das Vocações" teve o seu início com o acolhimento pelas 17 horas seguindo-se depois um jogo em "peddy paper" acerca das Vocações da Igreja! Várias equipas espalhadas num circuito de rua que levou os jovens até à margem do Rio Tejo, no qual tinham um conjunto de jogos e momentos de reflexão para realizar e que a todos muito divertiu! No final do Jogo Vocacional um jantar partilhado que ajudou a recuperar forças para o ensaio e para a Vigília de Oração pelas Vocações que no inicio da noite se realizou na Igreja do Rossio, presidida pelo Padre Carlos Almeida, Pároco de Alferrarede! 


No Domingo sentimos a oração e o carinho da comunidade da Chainça, rosto da presença orante de todas as comunidades da diocese que rezam pelas vocações, e assim, pelo discernimento dos jovens pré-seminaristas. O nosso agradecimento ao Padre José da Graça pelas palavras de amizade, encorajamento e pelo desafio à oração pelas vocações que manifestou. No final, e depois de muitos cumprimentos e palavras de ânimo aos rapazes, metemo-nos à estrada de regresso ao Seminário de Alcains para almoçarmos e terminarmos o nosso encontro! Neste encontro damos a boas vindas a três novos rapazes; O Afonso, o Fábio e o Vítor da Concavada que participaram pela primeira vez.

Foi um fim-de-semana de muita alegria, reflexão e oração! Entretanto fica a esperança de surgirem outros encontros semelhantes pela diocese por altura da semana de Oração pelas Vocações, em que o pré-seminário diocesano possa participar e em que se possa congregar jovens na descoberta de Jesus Cristo e na interrogação dos desafios de Deus para as suas vidas! A alegria dos jovens no reflectir das suas vidas e das suas vocações, é para todos motivo de esperança de num futuro próximo podermos fazer festa com os seus "Sim" a Deus e com os seus projectos na Igreja, quer sejam eles nos caminhos do sacerdócio, da vida religiosa, da vida Missionária ou da vida em matrimónio.


Continuamos a rezar pelas vocações no desejo de se manifestarem tal como elas são, dons do amor de Deus. Contamos com a sua oração! Bem Haja.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Mensagem do Papa Bento XVI para o 49º Dia Mundial de Oração pelas Vocações


Amados irmãos e irmãs!
O XLIX Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no IV domingo de Páscoa – 29 de Abril de 2012 –, convida-nos a refletir sobre o tema «As vocações, dom do amor de Deus».
A fonte de todo o dom perfeito é Deus, e Deus é Amor – Deus caritas est –; «quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele» (1 Jo 4, 16). A Sagrada Escritura narra a história deste vínculo primordial de Deus com a humanidade, que antecede a própria criação. Ao escrever aos cristãos da cidade de Éfeso, São Paulo eleva um hino de gratidão e louvor ao Pai pela infinita benevolência com que predispõe, ao longo dos séculos, o cumprimento do seu desígnio universal de salvação, que é um desígnio de amor. No Filho Jesus, Ele «escolheu-nos – afirma o Apóstolo – antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em caridade na sua presença» (Ef 1, 4). Fomos amados por Deus, ainda «antes» de começarmos a existir! Movido exclusivamente pelo seu amor incondicional, «criou-nos do nada» (cf. 2 Mac 7, 28) para nos conduzir à plena comunhão consigo.
À vista da obra realizada por Deus na sua providência, o salmista exclama maravilhado: «Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a Lua e as estrelas que Vós criastes, que é o homem para Vos lembrardes dele, o filho do homem para com ele Vos preocupardes?» (Sal 8, 4-5). Assim, a verdade profunda da nossa existência está contida neste mistério admirável: cada criatura, e particularmente cada pessoa humana, é fruto de um pensamento e de um ato de amor de Deus, amor imenso, fiel e eterno (cf. Jer 31, 3). É a descoberta deste fato que muda, verdadeira e profundamente, a nossa vida.
Numa conhecida página das Confissões, Santo Agostinho exprime, com grande intensidade, a sua descoberta de Deus, beleza suprema e supremo amor, um Deus que sempre estivera com ele e ao qual, finalmente, abria a mente e o coração para ser transformado: «Tarde Vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Vós estáveis dentro de mim, mas eu estava fora, e fora de mim Vos procurava; com o meu espírito deformado, precipitava-me sobre as coisas formosas que criastes. Estáveis comigo e eu não estava convosco. Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria, se não existisse em Vós. Chamastes-me, clamastes e rompestes a minha surdez. Brilhastes, resplandecestes e dissipastes a minha cegueira. Exalastes sobre mim o vosso perfume: aspirei-o profundamente, e agora suspiro por Vós. Saboreei-Vos e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e agora desejo ardentemente a vossa paz» (Confissões, X, 27-38). O santo de Hipona procura, através destas imagens, descrever o mistério inefável do encontro com Deus, com o seu amor que transforma a existência inteira.
Trata-se de um amor sem reservas que nos precede, sustenta e chama ao longo do caminho da vida e que tem a sua raiz na gratuidade absoluta de Deus. O meu antecessor, o Beato João Paulo II, afirmava – referindo-se ao ministério sacerdotal – que cada «gesto ministerial, enquanto leva a amar e a servir a Igreja, impele a amadurecer cada vez mais no amor e no serviço a Jesus Cristo Cabeça, Pastor e Esposo da Igreja, um amor que se configura sempre como resposta ao amor prévio, livre e gratuito de Deus em Cristo» (Exort. ap. Pastores dabo vobis, 25). De fato, cada vocação específica nasce da iniciativa de Deus, é dom do amor de Deus! É Ele que realiza o «primeiro passo», e não o faz por uma particular bondade que teria vislumbrado em nós, mas em virtude da presença do seu próprio amor «derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo» (Rm 5, 5).
Em todo o tempo, na origem do chamamento divino está a iniciativa do amor infinito de Deus, que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. «Com efeito – como escrevi na minha primeira Encíclica, Deus caritas est – existe uma múltipla visibilidade de Deus. Na história de amor que a Bíblia nos narra, Ele vem ao nosso encontro, procura conquistar-nos – até à Última Ceia, até ao Coração trespassado na cruz, até às aparições do Ressuscitado e às grandes obras pelas quais Ele, através da ação dos Apóstolos, guiou o caminho da Igreja nascente. Também na sucessiva história da Igreja, o Senhor não esteve ausente: incessantemente vem ao nosso encontro, através de pessoas nas quais Ele Se revela; através da sua Palavra, nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia» (n.º 17).
O amor de Deus permanece para sempre; é fiel a si mesmo, à «promessa que jurou manter por mil gerações» (Sal 105, 8). Por isso é preciso anunciar de novo, especialmente às novas gerações, a beleza persuasiva deste amor divino, que precede e acompanha: este amor é a mola secreta, a causa que não falha, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.
Amados irmãos e irmãs, é a este amor que devemos abrir a nossa vida; cada dia, Jesus Cristo chama-nos à perfeição do amor do Pai (cf. Mt 5, 48). Na realidade, a medida alta da vida cristã consiste em amar «como» Deus; trata-se de um amor que, no dom total de si, se manifesta fiel e fecundo. À prioresa do mosteiro de Segóvia, que fizera saber a São João da Cruz a pena que sentia pela dramática situação de suspensão em que ele então se encontrava, este santo responde convidando-a a agir como Deus: «A única coisa que deve pensar é que tudo é predisposto por Deus; e onde não há amor, semeie amor e recolherá amor» (Epistolário, 26).
Neste terreno de um coração em oblação, na abertura ao amor de Deus e como fruto deste amor, nascem e crescem todas as vocações. E é bebendo nesta fonte durante a oração, através duma familiaridade assídua com a Palavra e os Sacramentos, nomeadamente a Eucaristia, que é possível viver o amor ao próximo, em cujo rosto se aprende a vislumbrar o de Cristo Senhor (cf. Mt 25, 31-46). Para exprimir a ligação indivisível entre estes «dois amores» – o amor a Deus e o amor ao próximo – que brotam da mesma fonte divina e para ela se orientam, o Papa São Gregório Magno usa o exemplo da plantinha: «No terreno do nosso coração, [Deus] plantou primeiro a raiz do amor a Ele e depois, como ramagem, desenvolveu-se o amor fraterno» (Moralia in Job, VII, 24, 28: PL 75, 780D).
Estas duas expressões do único amor divino devem ser vividas, com particular vigor e pureza de coração, por aqueles que decidiram empreender um caminho de discernimento vocacional em ordem ao ministério sacerdotal e à vida consagrada; aquelas constituem o seu elemento qualificante. De fato, o amor a Deus, do qual os presbíteros e os religiosos se tornam imagens visíveis – embora sempre imperfeitas –, é a causa da resposta à vocação de especial consagração ao Senhor através da ordenação presbiteral ou da profissão dos conselhos evangélicos. O vigor da resposta de São Pedro ao divino Mestre – «Tu sabes que Te amo» (Jo 21, 15) – é o segredo duma existência doada e vivida em plenitude e, por isso, repleta de profunda alegria.
A outra expressão concreta do amor – o amor ao próximo, sobretudo às pessoas mais necessitadas e atribuladas – é o impulso decisivo que faz do sacerdote e da pessoa consagrada um gerador de comunhão entre as pessoas e um semeador de esperança. A relação dos consagrados, especialmente do sacerdote, com a comunidade cristã é vital e torna-se parte fundamental também do seu horizonte afetivo. A este propósito, o Santo Cura d’Ars gostava de repetir: «O padre não é padre para si mesmo; é-o para vós» [Le curé d’Ars. Sa pensée – Son cœur ( ed. Foi Vivante - 1966), p. 100].
Venerados Irmãos no episcopado, amados presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, catequistas, agentes pastorais e todos vós que estais empenhados no campo da educação das novas gerações, exorto-vos, com viva solicitude, a uma escuta atenta de quantos, no âmbito das comunidades paroquiais, associações e movimentos, sentem manifestar-se os sinais duma vocação para o sacerdócio ou para uma especial consagração.É importante que se criem, na Igreja, as condições favoráveis para poderem desabrochar muitos «sins», respostas generosas ao amoroso chamamento de Deus.
É tarefa da pastoral vocacional oferecer os pontos de orientação para um percurso frutuoso. Elemento central há de ser o amor à Palavra de Deus, cultivando uma familiaridade crescente com a Sagrada Escritura e uma oração pessoal e comunitária devota e constante, para ser capaz de escutar o chamamento divino no meio de tantas vozes que inundam a vida diária. Mas o «centro vital» de todo o caminho vocacional seja, sobretudo, a Eucaristia: é aqui no sacrifício de Cristo, expressão perfeita de amor, que o amor de Deus nos toca; e é aqui que aprendemos incessantemente a viver a «medida alta» do amor de Deus. Palavra, oração e Eucaristia constituem o tesouro precioso para se compreender a beleza duma vida totalmente gasta pelo Reino.
Desejo que as Igrejas locais, nas suas várias componentes, se tornem «lugar» de vigilante discernimento e de verificação vocacional profunda, oferecendo aos jovens e às jovens um acompanhamento espiritual sábio e vigoroso. Deste modo, a própria comunidade cristã torna-se manifestação do amor de Deus, que guarda em si mesma cada vocação. Tal dinâmica, que corresponde às exigências do mandamento novo de Jesus, pode encontrar uma expressiva e singular realização nas famílias cristãs, cujo amor é expressão do amor de Cristo, que Se entregou a Si mesmo pela sua Igreja (cf. Ef 5, 25).
Nas famílias, «comunidades de vida e de amor» (Gaudium et spes, 48), as novas gerações podem fazer uma experiência maravilhosa do amor de oblação. De fato, as famílias são não apenas o lugar privilegiado da formação humana e cristã, mas podem constituir também «o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida consagrada pelo Reino de Deus» (Exort. ap. Familiaris consortio, 53), fazendo descobrir, mesmo no âmbito da família, a beleza e a importância do sacerdócio e da vida consagrada. Que os Pastores e todos os fiéis leigos colaborem entre si para que, na Igreja, se multipliquem estas «casas e escolas de comunhão» a exemplo da Sagrada Família de Nazaré, reflexo harmonioso na terra da vida da Santíssima Trindade.

Com estes votos, concedo de todo o coração a Bênção Apostólica a vós, veneráveis Irmãos no episcopado, aos sacerdotes, aos diáconos, aos religiosos, às religiosas e a todos os fiéis leigos, especialmente aos jovens e às jovens que, de coração dócil, se põem à escuta da voz de Deus, prontos a acolhê-la com uma adesão generosa e fiel.

Papa Bento XVI
Vaticano, 18 de Outubro de 2011