A
semanas do recomeço dos encontros do Pré-Seminário Diocesano de Portalegre -
Castelo Branco, um pequeno testemunho acerca do Ser Padre! (In-perdível!)
Imagem "prostrados" da autoria do Padre Nuno Branco s.j
“Ainda me lembro. Há uns anos atrás
na estrada a caminho de Aveiro, a ouvir a Rádio Comercial. Ouvia-se dentro do
carro, mas eu não ouvia. Estava ausente. Andava a perguntar a Deus que fazer da
minha vida. Afinal, já tinha chegado à meta. Arquiteto formado, emprego
assegurado, uma vida grande pela frente. Tão grande e insuficiente. Não chega.
Há aqui qualquer coisa que não está a bater certo. Não consigo perceber o que
falta.
Uns dias mais tarde, perguntei-me de
forma envergonhada, sozinho e em silêncio para que nem eu próprio me visse.
Porque não ser padre? Não me lixes a minha vida, se faz favor. Fui sincero com
Deus. Abri-lhe o jogo. Não acredito na reincarnação, portanto a única vida que
me resta não vou desperdiça-la e esbanjá-la dessa maneira. Deixa-te lá de
histórias. Ainda me lembro que negociei com Ele. Deixa-me casar, disse-lhe. Eu
caso-me e depois tu levas os meus filhos todos p’ra padre e não se fala mais
nisso. Ficas a ganhar. Tu e eu. Parece-te bem?
Mostrou-se convencido. No entanto, a
palavra “padre” continuava a aparecer pior que uma noite mal dormida. A palavra
“padre” parecia-me um insecto de sete vidas. Esmagado contra parede,
espezinhado. E sobrevive. E lá se levantava devagarinho, ressuscitava. Senhor!
Por favor, não me-lixes-a-minha-vida! É simples. Continuamos assim. Tu aí.
Eu, aqui. Ninguém te chateia, eu acredito em ti na mesma. E tu não me
chateias.
E agora Senhor cá estou de novo. A
poucos dias de ser padre. E, desculpa a franqueza, mas continuas na mesma. Já
te dei provas de que não sou propriamente a melhor pessoa deste mundo e que ao
meu lado, haveria quem bem melhor poderia servir-te nesta missão. Não sei o que
é ser padre. Não sei como se é padre. Mas, sei que quero ser Teu. Assim.
Atabalhoadamente teu. É um grande risco, tu sabes. Mas, se isto correr mal a
culpa – desculpa dizer-te – será tua. Eu avisei-te. Nunca te escondi o que sou
e o que não sou. Só posso agradecer a tua bondade e a tua generosidade. Sou Teu
e serei Teu.
E já agora que ninguém nos ouve, só
mais uma coisa. É simples. Dá-me a graça e a alegria de ser padre até ao fim da
minha vida. É isto que eu peço com sincera verdade.
“Que eu habite na tua casa para o
resto da minha vida”. “
E o Evanfelho torna-se vivo e atuante! "Não fostes Vós, que me escolhestes, fui Eu que vos escolhi, e vos destinei para que deis fruto e, o vosso fruto permaneça"
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