SEMANA
DOS SEMINÁRIOS 2012
SACERDOTE,
IRMÃO NA FÉ E SERVIDOR DA FÉ DOS IRMÃOS
1. A Semana dos Seminários, de 11 a 18 de
Novembro de 2012, oferece aos fiéis uma oportunidade de aprofundamento sobre o
mistério do padre e sobre o ministério que ele realiza na Igreja.
No contexto do Ano da Fé, somos
convidados a avivar a nossa consciência acerca da condição sacerdotal de todo o
Povo de Deus, radicada no mistério pascal de Jesus Cristo, que assumimos pelo Baptismo ao mesmo tempo, afirmamos a teologia da Igreja acerca do sacerdócio
ministerial, pelo qual alguns homens são associados à pessoa e missão de
Cristo, Cabeça da Igreja.
O Concílio Vaticano II, de cujo início
estamos a celebrar os cinquenta anos, trouxe alguns elementos importantes para
a nossa compreensão do sacerdócio na Igreja e, sobretudo, para uma renovada
visão da relação existente entre todos os fiéis em Cristo. Entre eles destacam-se
os seguintes: a igual dignidade de todos os membros do Povo de Deus (LG 32); o
sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial “embora se diferenciem
essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao outro” (LG 10)
e ambos “participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo” (LG 10); “a
distinção que o Senhor estabeleceu entre os ministros sagrados e o restante
Povo de Deus, contribui para a união, já que, os pastores e os demais fiéis
estão ligados uns aos outros por uma vinculação comum” (LG 32).
2. Membro do Povo de Deus, tão
intimamente unido a Cristo pelos laços da comunhão no Baptismo e na Ordem, tendo
recebido o dom de agir na Pessoa de Cristo, o padre é um irmão na fé.
As comunidades cristãs têm cada vez mais
apreço pelo sacerdote, sobretudo quando há uma relação de amizade, proximidade
e disponibilidade. Mas, acima de tudo, marca-as a profundidade da sua fé, tanto
expressa nas suas palavras como na sua vida.
O padre é, de facto, e é chamado homem de
fé. No meio de todas as suas actividades a fé, assumida e testemunhada, há de
sobressair como o fogo que alimenta toda a sua vida.
As vocações sacerdotais dependem de
muitos factores mas o testemunho de fé dos sacerdotes é, sem dúvida, um dos
mais relevantes.
Temos grande esperança de que este Ano da
Fé venha trazer um forte impulso de renovação à vida de toda a Igreja e,
também, à vida sacerdotal. Os jovens deixar-se-ão tocar, como sempre aconteceu,
pelo testemunho da fé de toda a Igreja, espelhada de um modo muito visível no
testemunho de fé dos sacerdotes.
3. Irmão na fé, o padre é também pai na
fé. Foi chamado pelo Senhor, recebeu uma vocação que implica sempre uma missão,
que podemos definir como um serviço à fé dos seus irmãos.
Como ensina o Concílio Vaticano II, “por
virtude do sacramento da Ordem, (os presbíteros) são consagrados, à imagem de
Cristo, sumo e eterno sacerdote, para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e
celebrar o culto divino, como verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento” (LG
28).
Quando são tantas as solicitações que
chegam aos sacerdotes e quando as comunidades cristãs são tão exigentes, é
preciso que eles cultivem uma grande capacidade de discernimento para se não
deixarem arrastar pelas realidades importantes, mas não decisivas. O serviço
à fé do Povo de Deus constitui o
específico e essencial da acção sacerdotal, por meio do anúncio do Evangelho e
da celebração da Sagrada Liturgia.
Sem uma inserção entusiasta na vida da
comunidade cristã e sem uma relação verdadeiramente fraterna com os seus membros,
fica comprometido tanto o anúncio da Boa Nova, como a celebração de um culto
que seja expressão da vida toda.
Neste Ano da Fé, desejamos que os jovens
possam ter um contacto mais próximo com o testemunho de fé dos sacerdotes, que
servem, com entusiasmo, os seus irmãos e as comunidades. Que o Espírito Santo
os ensine a percorrer o caminho da alegria de servir a Igreja e lhes dê o
desejo do sacerdócio a que o Senhor pode chamá-los.
4. A crise das vocações sacerdotais a que
se assiste na Igreja é, sem dúvida, uma das consequências da erosão da fé
cristã que, de forma errada, tem sido considerada “um pressuposto óbvio da vida
diária” (PF 2).
Com razão nos incentiva o Papa Bento XVI
“a redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior,
a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (PF 2).
Toda a pastoral das vocações sacerdotais
estará ao serviço da redescoberta do caminho da fé, em ordem ao encontro com
Cristo. Quando este encontro se dá na alegria e no entusiasmo, surge a
disponibilidade vocacional, pois, o que importa, nessa altura é a vivência fiel
da fé e o serviço à comunidade cristã.
Convidamos as comunidades cristãs a
intensificar a oração pelas vocações sacerdotais, não somente na Semana dos
Seminários, mas regular e longamente, numa corrente contínua que envolva todas
as faixas etárias e todos os membros activos da Igreja. É pela oração que
manifestamos a fé e a disponibilidade para aceitar a vocação e a vontade de
Deus, especialmente na liturgia da Missa, participação sacramental no mistério
de Cristo e na adoração eucarística, que lhe dá continuidade.
Aos seminaristas deixamos uma palavra de
ânimo, para que ponham a vida nas mãos do Senhor, que olhou para eles com
bondade e misericórdia.
Aos jovens que sentem o apelo no sentido
do sacerdócio, encorajamos a avançar sem medo, confiados no amor que o Senhor
lhes tem e abertos à urgência de pastores, que sejam irmãos na fé e servidores
da fé dos irmãos.
À solicitude materna de Nossa Senhora
confiamos a pastoral das vocações sacerdotais e todas as iniciativas da semana
dos seminários.
Ó Maria,
vós sois feliz porque acreditastes,
primeira na fé em Cristo,
a imagem e a figura da Igreja crente.
Rogai a Deus por nós,
para que sejamos firmes na fé,
na alegria do encontro com Cristo.
Ó Maria,
vós sois a Mãe de Cristo Sacerdote,
a humilde Serva do Senhor,
a Mãe da Igreja crente.
Rogai a Deus pelos sacerdotes,
para que sejam servos da fé dos irmãos,
na alegria de crer e no entusiasmo de
comunicar a fé.
Ó Maria,
vós sois a mulher do “Sim” total a Deus,
sempre disponível à vontade do Pai,
a Rainha de todas as Vocações.
Rogai a Deus pelos seminaristas,
para que reconheçam o amor de Deus,
na resposta decidida à sua vocação.
Ámen
Coimbra, 20 de Outubro de 2012
Virgílio do Nascimento Antunes
Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios
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