domingo, 18 de novembro de 2012

- Despertar, alimentar, formar, purificar e fortificar a fé - [Semana dos Seminários 2012]

SACERDOTE, IRMÃO NA FÉ E SERVIDOR DA FÉ DOS IRMÃOS

- Despertar, alimentar, formar, purificar e fortificar a fé -


O Sacerdote como irmão na fé e servidor da fé dos irmãos é o tema de fundo da Semana dos Seminários que decorre entre os próximos dias 11 e 18 de Novembro e na qual a Igreja se congrega, de forma especial, na oração pelas vocações ao Ministério ordenado (ser Padre).

Este ano a Semana dos Seminários olha para o Padre e para o Sacerdócio a partir da perspectiva da vivência da fé que origina a sua caminhada vocacional e que, depois, define a sua ordenação e a vivência quotidiana do Sacerdócio ministerial. O mistério da fé está na origem do Sacerdócio enquanto vocação e é, de igual forma, o alicerce permanente do ministério.

O Padre, como todo o cristão, é e será sempre um peregrino da fé. Chamado um dia a configurar-se com Cristo, Cabeça e Pastor da sua Igreja, o Padre inicia a sua caminhada de fé, como todos os outros cristãos, no Baptismo que é dom e promessa, acolhimento e desafio. É o mesmo Baptismo que, enquanto semente e fermento, inicia uma íntima, profunda e filial relação com Deus e dá, depois, origem a diferentes configurações de vida pelas opções que fazem unidade pessoal e se harmonizam com o projecto de Deus revelado em Jesus Cristo. Alguns, neste caminho, “são tão baptizados” (tão crentes, tão filhos), poder-se-ia assim dizer, que Jesus os chama a identificarem-se totalmente com Ele e os envia a servir como Ele próprio fez com a sua vida. Mas, antes da relação de trabalho (o ministério), o processo inicia-se e define-se com a relação de amizade com Cristo (o mistério da fé e de acreditar).

Todos os cristãos são “Amigos” de Cristo. Mas os Padres, por ministério e por missão, são chamados a fazer da sua amizade uma ponte para muitos outros serem também amigos de Cristo. É por isso que são irmãos na fé e, ao mesmo tempo, servidores da fé dos irmãos. O seu ministério na Igreja existe por causa dos irmãos. Mas, se ele próprio não crescer na fé, nunca será testemunho e elo de ligação para ninguém.

A Igreja nunca subordinou a essência e a emergência da sua missão ao número de sacerdotes. A evangelização não é uma questão de quotas. Mas a Igreja, evidentemente, tem necessidade de Homens baptizados que sejam tão “Amigos” de Cristo que se se deixem por Ele chamar e enviar para alimentar a fé de tantos e tantos homens e mulheres que O querem conhecer e viver o seu projecto.

Nos últimos anos, e diante da falta crescente de Sacerdotes na nossa Diocese, tem-se sublinhado a necessidade de promover um cultura vocacional que envolva a vida das comunidades cristãs para criar um ambiente em que as diversas vocações possam germinar e crescer. A cultura vocacional, no entanto, sublinha-se sempre também, há-de ser diferente de uma qualquer estratégia de recrutamento de pessoas para determinados lugares.

O Ano da Fé que, por feliz iniciativa do Santo Padre, já estamos a viver, pode ajudar-nos a compreender o que está na base do mistério da vocação sacerdotal e de todas as vocações. Tudo o que alimentar e ajudar a formar a fé cristã, ajudará a que alguém se deixe chamar por Deus e ajudará, igualmente, a que alguém se entregue para o seu serviço e para o serviço da Igreja. Acreditar, “ter fé” como costumamos dizer, não é uma atitude que se possa dizer adquirida de uma vez por todas e para sempre. A fé é uma relação e, por isso, necessita de ser alimentada, formada, purificada, fortificada. Permanentemente. Continuamente.

Na vida da Igreja e das nossas Comunidades existem muitos dinamismos que ajudam a despertar, a alimentar, a formar, a purificar e a fortificar a fé. E é de todos esses dinamismos conjugados que pode resultar uma cultura vocacional, contexto e desafio para o surgimento de vocações sacerdotais. Acolhimento, ambientes sadios, horizontes de realização humana e cristã feliz e fiel, momentos de oração, ocasiões ou momentos/itinerários de formação da fé, experiências de voluntariado, Eucaristia, projectos de acção social ou outra, valorização da família, participação comunitária, integração nos grupos e movimentos paroquiais, nos grupos de acólitos, ... são alguns dos dinamismos que constroem uma cultura vocacional. Não por obrigação mas porque despertam e educam a capacidade do dom.

A fé vem pelo ouvido. Podemos traduzir assim S. Paulo (Rom 10, 14 ss). Então tudo o que valorize o encontro com a Palavra de Deus valorizará também a relação de fé já que a melhor maneira de reconhecer o amor é empreender um caminho para amar também. No dia a dia, a Palavra de Deus sai-nos ao encontro em muitas e variadas ocasiões. Uma cultura vocacional é um ambiente em que a Palavra é valorizada, um ambiente em que se proporcionam pontes entre o que a Palavra preconiza e a busca de sentido de vida que as pessoas empreendem. Catequeses, encontros, oração pessoal e comunitária, Eucaristia, Exéquias ... são ocasiões em que a Palavra nos sai ao caminho. Vale a pena parar e tratar a Palavra como relação de comunicação.

Contexto privilegiado para uma cultura vocacional é, por isso mesmo, a Eucaristia e toda a oração que a pode prolongar. Conduz ao encontro personalizado com Jesus, faz memória sacramental do seu amor e da sua entrega, sublinha a gratuidade e a liberdade do amor que salva, alimenta a oração. E a experiência da proximidade com Jesus Eucaristia, Sacramento de Amor, é o melhor contexto para Deus Se poder dizer e para alguém O poder ouvir.

A liturgia bem celebrada, com espaço para a Palavra, para o Memorial e para a adoração, com serenidade para o encontro, é fonte de chamamento e de vocação. É o cuidado do mistério da fé que proporciona o cuidado do mistério da vocação.

Na nossa Diocese existem, neste momento, três Seminaristas (o Miguel Coelho, o Miguel Serra e o André Beato) que fazem caminhada nos Seminários da Diocese de Lisboa e na Universidade Católica. E existe um grupo de jovens em Pré-Seminário. A Semana dos Seminários é o contexto para uma oração mais intensa por cada um dos nossos Seminaristas. Rezamos pela sua caminhada, pela sua fé, pela sua fidelidade, pela sua alegria em servirem Jesus e a Igreja. Rezamos invocando de Deus que conceda à nossa Diocese jovens que se deixem chamar e enviar. Na promoção de uma cultura vocacional, os dinamismos que ajudam a despertar, a alimentar, a formar, a purificar e a fortificar a fé, fazem do Padre um irmão na fé e um servidor da fé dos irmãos.

                                                                                                 p. Emanuel Matos Silva
                                                Reitor do Seminário Diocesano de Portalegre - Castelo Branco

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