quinta-feira, 8 de setembro de 2011

PADRE PARA A NOSSA DIOCESE


PADRE PARA A NOSSA DIOCESE
Ordenação Sacerdotal – Desafio aos Padres e aos Jovens

O próximo dia 18 de Setembro é dia de profundo significado para a nossa Diocese. Pela oração e imposição das mãos do nosso Bispo rodeado do seu Presbitério e pela oração da Igreja na multiplicidade da sua expressão, o agora Diác. Nuno Miguel será ordenado Presbítero (Padre) para o serviço da nossa Diocese.

No momento actual da nossa vida diocesana, a ordenação de um Presbítero é momento intenso de acção de graças ao Bom Pastor e é, incontornavelmente, ocasião favorável para os Presbíteros reavivarmos o dom do nosso ministério e fazermos, renovadamente, da nossa identidade e missão uma oferta agradável a Deus e à Igreja.

O que faz, no tempo actual, avançar um jovem de trinta anos no caminho do Sacerdócio e na nossa Diocese? Seguramente contar-se-ão muitas razões e muitos sentimentos. Existe um, contudo, como alicerce e como caminho, que não pode faltar: quem aprende a passar da “vontade de ser amado” para a “vontade de servir” sente-se crescer e é capaz de sintonizar e comungar com projectos que não são apenas seus e para si. E quem aprende a “vontade de servir” amadurece e aprende também que a vida só ganha sentido quando se procura sentido para a vida. É nesse horizonte que Jesus Cristo, como Pessoa e como sentido para a vida, cativa e acompanha os que se deixam cativar e acompanhar nos seus passos. É sempre fabulosa a vida de quem se sente a caminhar com os seus próprios pés numa história que não começou apenas em si e não acabará consigo. É quando a inquietação se transforma em confiança (fé) e ambas desabrocham na gratidão, que a pessoa está capaz de se entregar para um projecto que não tem apenas as suas medidas humanas mas que, nem por isso, deixa de ser precisamente para homens. E Jesus e a Igreja valem a pena e, sobretudo, valem a vida!

O que podem os outros fazer por mim? É a interrogação mais comum e é própria do nosso tempo em que, literalmente, substituímos a pergunta “o que é verdade?” pela simples inquirição de “como posso viver bem?”. Mas essa interrogação é própria apenas de quem ainda só tem “vontade de ser amado”. Para crescer é preciso aprender a ter “vontade de servir” ou seja, é preciso começar a perguntar-se “o que posso fazer eu pelos outros?”. É isso que faz possíveis os grandes projectos de vida. Só quem aceita fazer esse crescimento aceita ser chamado.

Ser Padre é um grande projecto de vida. Radical. Não no sentido habitual e costumeiro dos ditos grandes projectos ou feitos arriscados: não se dá muito nas vistas como instância social incontornável, não se brilha como centro aonde todos buscam a opinião para a vida, não se é tido em conta quando se projecta o mundo, sai-se ridicularizado de muitos processos adjectivados de “contemporâneos”, etc, etc. Mas tem-se uma vocação única que, aliás, é tão constitutiva da vocação sacerdotal como o foi da vida e da Cruz de Jesus: a insignificância, ser insignificante, “inútil” como diz o Evangelho para nos lembrar que não é o utilitarismo social, pessoal, institucional, financeiro que nos move quando somos de Cristo. Aliás, parece que as coisas importantes da vida como é a verdade, o respeito mútuo, a justiça, a caridade, a própria vida, passaram a dizer-se baixinho, quase em segredo, como sendo insignificantes. Contraditoriamente insignificantes. Haverá então maior desafio do que o de ser “ousada e significativamente insignificante” celebrando a Eucaristia como memorial do Amor de Deus pela humanidade, acompanhando o caminhar de tantos irmãos, oferecendo por ministério os dons de Deus à mesma humanidade nos Sacramentos, ansiando pela verdade?!

O que faz um jovem querer ser Padre?! O facto de ter permitido que a sua “vontade de servir” fosse cativada por Jesus Cristo como projecto de vida! “Vem e segue-Me” continua Jesus a dizer a tantos. O que será preciso para ter hoje a coragem de ser insignificante, “ousada e significativamente insignificante”?!

 p. Emanuel Matos Silva

Reitor do Seminário Diocesano

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